Lilith Lima

Areia De Praia

DE LONGE, AS ONDAS DO MAR ME CHAMAM

UM CHAMADO CALMO,

TRANQUILO E HARMONIOSO, COMO O CANTO DE UM PASSARINHO.

A ÁGUA SALGADA MOLHA MEUS PÉS,

LIMPANDO MINHAS FERIDAS,

LIMPANDO MINHA ALMA.

 

O VENTO SOPRA MEUS CACHOS REBELDES.

ME SINTO LIVRE, ME SINTO HUMANA.

PROCURO CONCHINHAS NA BEIRA DO MAR,

CONCHINHAS QUE ANTES TINHAM DONO.

 

A AREIA ENTRE MEUS DEDOS FAZ CÓCEGAS;

ELA É TEIMOSA, DIFÍCIL DE SE LIVRAR.

É COMO UM AMOR QUE NUNCA VAI EMBORA;

MESMO QUANDO PENSAMOS QUE NOS LIVRAMOS,

SEMPRE, SEMPRE SOBRA UM GRÃOZINHO PARA IRRITAR.

 

ENQUANTO LAVO MEUS CABELOS DO SAL DO MAR,

TIRANDO CADA GOTINHA DE UM DIA FELIZ DE MIM,

LEMBRO QUE NÃO SERÁ A ÚLTIMA VEZ QUE VOLTAREI AQUI.

 

ENQUANTO LAVO MEU CORPO DA IMPUREZA DO MAR,

APROVEITO CADA BRISA QUE AINDA VEM DAS ÁGUAS,

O CHEIRO DE UM LUGAR DE LEMBRANÇAS.

VOU-ME EMBORA DO LUGAR DE ONDE PERTENÇO,

ENQUANTO CARREGO MINHAS CHINELAS SUJAS

DE AREIA DE PRAIA.

 

PARA FABIANE