Passam os carros.
Passam os homens.
Passam os cães.
Passa o vento.
Tudo passa e passa e passa.
Não lembro o que olho.
Não lembro o que ouço.
Não lembro o que falo.
Não lembro de nada.
Não preciso lembrar de nada.
O mesmo espelho.
O mesmo ônibus.
O mesmo aglomerado.
O mesmo andar.
O mesmo parar.
O mesmo dia.
A noite vem.
A noite vai.
O dia vem.
O dia vai.
Não tenho mãos.
Não tenho pés.
Não tenho braços.
Não tenho pernas.
Não tenho olhos.
Não tenho boca.
Não tenho ouvidos.
Não tenho mente.
\"Mas que céu lindo\"- disse a moça.
É, realmente, que céu lindo.