Flavio Eduardo Palhari

Seco

 

são secas as palavras

são como areia nos ouvidos

em um deserto que sufoca a garganta

tamanha é a falta de sentidos

olhos que procuram o sol

olhares que perdem seu brilho

lágrimas que secam sem importância

por entre um rosto já antigo

seco é o baque e o galope desse tempo que atropela

tantos sonhos

tantos planos espalhados pela terra

seca é a porrada e o soco que encontra a faca cega

entre vindas , entre idas

entre tantas vidas que se entregam a cada primavera ...

 (Flavio Eduardo Palhari)