Gustavo Cunha

Ecos de eternidade

Quando perceberes,
O quão densa é a tristeza que se encerra em uma só solidão,
E que a vida, qual véu de sombra, tolhe os sentidos e nos torna cegos ao ideal.
Que a beleza esmorece, suprimida pelas ignomínias grotescas deste mundo caótico.
Ah! Há de certo, nos véus da ignorância, uma vantagem insuspeita...
Nada mais se preserva intocado (ninguém o percebe).
Todos nós padecemos de uma melancolia infinita,
Uma dor profunda e inerente ao existir.

E das palavras que ora me brotam,
Um enigma de consolo eu te ofereço.
Ofereço também um abraço que, ao encontro do teu, se entrelaça;
Síntese perfeita de duas cosmologias, antagônicas, sim, mas singulares e complementares.
Na corrente desta vida — e das que, sem dúvida, virão, pois elas virão —
Hás de perceber, ainda, que o belo se justifica em si mesmo,
Impondo-se como a ordem universal.

E, quando enfim te chegares a este entendimento,
Estarás pronto para repousar docemente sobre os seios da Eternidade,
E sonharás, infalivelmente, com a boa vida que jamais veio.