Cristal líquido que cede à gravidade,
está tão pesado desse pesar,
de pensar
na Saudade que me assola,
que, ora fosse gota de chuva,
teria sorte de num rio cair
e fluir
e na correnteza ir embora.
e seguir até o Mar Tenebroso,
ao suor de Atlas se misturar
e atravessar,
lágrima e sal fundem-se no mar.
Pedir a bondade à Poseidon
que diminua, nessa circunstância,
a distância
e permita no Porto chegar,
para ser parte no pescado
que sua língua úmida irá alcançar
e desintegrar
e sentir de sua boca o calor.
porque melhor do que essa saudade
é encontrar e se deixar entregar
e devorar
e assim nutrir e morrer de amor.