Diário de Timóteo

Falta

O vento traduz nas tessituras com os galhos o teu timbre,

As lágrimas que caem são a chuva da tua nuvem,

A delicadeza do pesar da pena de um pássaro,

É tua por tê-lo criado!

 

A textura do frescor dos carvalhos húmidos

Leva-me ao felpudo do tapete de tua casa,

Que acalmava nossas pegadas,

E lava-me nas preces que tanto me afogara.

 

O abraçar da água na pele é leve como lençóis antigos

E o amargo dos cafés aliviado pelo pão com manteiga,

Junto a pálida luz filtrada pelo vidro fosco na manhã gelada,

Que acompanhavam, na cozinha, nossas prosas.

 

O livro que me entende,

A poesia que me escreve

Precisaram dos pigmentos de teu ser,

Que outrora, ofuscara até o sol ao tingir o céu.

 

Nas tardes cansadas dos domingos vazios,

Beijos na janela de teu quarto a samambaia entregava,

Assim, hoje o amor que me carrega

Voa-me com batidas sutis das asas,

Feitas das folhas que encontraram as frestas

Para participar dos nossos cochilos.

 

Sinto sua falta,

Pois te tenho em tudo.