Flavio Eduardo Palhari

Tarjas

 

que vontade de dizer obscenidades em seus ouvidos

sentir sua carne tremer em sua pele no frio do arrepio

que vontade de te beijar inteira

te amarrar na cabeceira

beber teu gozo como vinho

seus seios em taças com gelo em seus mamilos

que vontade de beijar seus pés

de te lamber como um sorvete

seu corpo nu sem tarjas

entre quatro paredes sem palavras

no emudecer da respiração ofegante

no arranhar da pele

no apertar da carne dessa dor em instantes

no bailar de todo o seu orgasmo

em suas mãos o meu talo que mantem seu latejar

talvez vulgar

envolvido em restos do seu batom em cuspe

entre tantas trocas do nosso salivar

dois corpos presos em um encaixe infame

nem sei mais contar as horas e o desejar

nem sei mais por onde te penetro ou toco

imprimindo na cama toda a fúria e amor

nesse balé sem rumo

nesse palco escuro em que o cheiro nos mostra

os caminhos e as perversões  ...