DISPA-ME
Dispa-me
Com o seu olhar
Como fizeste da primeira vez
A me observar
Por entre sua camisa entreaberta
Com o teu peito arregaçado
Em rastros da tua pele que me fizeram
Me perder no teu vento amedrontado
Dispa-me
Na vastidão do voo em liberdade
Me toque na plenitude
Desvendando segredos
Solto, livre ... a correr, a sorrir
Sobre a tua cama
Nos teus lençóis de areia doce
Espumas salgadas
Maresias escaldantes
E em gozos verdejantes
Dispa-me ao chão
Tal qual para a água do rio o mar
É o trespassar do véu
A romper o espaço
Numa expansão sideral
Descortinar o meu quintal
Dispa-me em gotas
Do divino oceano astral
Onde o grão de areia
Que no imenso deserto
Não existe diante de tamanhas cachoeiras
Um grande manancial
Dispo-me agora
Diante de ti
Tal qual o perfume
Que meu corpo exalava
Naquele nosso primeiro momento
Fonte de livro
Sobreaviso suave
Colorido!
E que te levei ao paraíso!
Dispo-te agora
Arregaçando de vez
Todas as tuas vestes
A desabotoar de vez a sua camisa
O teu ar brumoso
O teu peito gostoso
O teu fecho-ecler
E matar nossa fome
Na minha e na tua fonte
Despindo-te num afável nuance
A receber o teu amor
E com o meu e o teu gozo
Fecundar nosso eterno romance
Vlad Paganini
Dispa-se dos teus rótulos
Das máscaras
Das vontades
Dos desejos
Vista-se com o novo
E se entregue sem medo
Despido!
Todo esse teu Amor
Que guardas contido!