Vlad Paganini

\'DISPA-ME\'

DISPA-ME

 

Dispa-me

Com o seu olhar

Como fizeste da primeira vez

A me observar

Por entre sua camisa entreaberta

Com o teu peito arregaçado

Em rastros da tua pele que me fizeram

Me perder no teu vento amedrontado

 

Dispa-me

Na vastidão do voo em liberdade

Me toque na plenitude

Desvendando segredos

Solto, livre ... a correr, a sorrir

Sobre a tua cama

Nos teus lençóis de areia doce

Espumas salgadas

Maresias escaldantes

E em gozos verdejantes

 

Dispa-me ao chão

Tal qual para a água do rio o mar

É o trespassar do véu

A romper o espaço

Numa expansão sideral

Descortinar o meu quintal

 

Dispa-me em gotas

Do divino oceano astral

Onde o grão de areia

Que no imenso deserto

Não existe diante de tamanhas cachoeiras

Um grande manancial

 

Dispo-me agora

Diante de ti

Tal qual o perfume

Que meu corpo exalava

Naquele nosso primeiro momento

Fonte de livro

Sobreaviso suave

Colorido!

E que te levei ao paraíso!

 

Dispo-te agora

Arregaçando de vez

Todas as tuas vestes

A desabotoar de vez a sua camisa

O teu ar brumoso

O teu peito gostoso

O teu fecho-ecler

E matar nossa fome

Na minha e na tua fonte

Despindo-te num afável nuance

A receber o teu amor

E com o meu e o teu gozo

Fecundar nosso eterno romance

 

Vlad Paganini

 

Dispa-se dos teus rótulos

Das máscaras

Das vontades

Dos desejos

Vista-se com o novo

E se entregue sem medo

Despido!

Todo esse teu Amor

Que guardas contido!