Vou ler para levar um tapa na cara
um murro no lado esquerdo do peito
perder o equilíbrio a que estou acostumado
rodopiar pelo banal cotidiano
quebrar os dentes da mediocridade
fraturar as costelas da ignorância
criar fissura em minha tola ingenuidade
e ter os credos e preceitos derrubados
Quero um livro que me deixe estonteado
pasmo, boquiaberto e espantado
que fure a bolha do habitual
que me faça exclamar Eureka
que me retire da caverna
que me faça ver o Sol do outro lado
que me exploda
por dentro em pedaços
e me deixe atônito, chocado e abismado
Eu hoje vou ler um livro
para cair no chão e não mais ficar deitado