Mais um poeta, com a mente a mil,
A dor na alma, o peso do fuzil,
A noite se estende, fria e hostil.
O ódio arde, queima como carvão,
A revolta explode no peito, em vão,
Corações feridos, sem salvação.
Os versos que gritam, sem consolo ou paz,
Sementes de rancor, que a vida traz,
E o poeta, em sua raiva, não tem mais.
Mas entre os escombros, surge uma chama,
A dor se transforma, se faz em trama,
E o ódio, por fim, se apaga na lama.
Dos olhos caídos, uma luz reluz,
No fundo da noite, um caminho conduz,
Do caos, o poeta, em silêncio, traduz.
Nas linhas escritas, o verbo se faz,
Revela o sentido que a dor lhe traz,
E o peito alivia o peso da paz.
O céu desanuvia, a alma sorri,
O fardo deixado no ontem, por si,
Renova-se agora, e o poeta flui.
Assim, na jornada, entre verso e cor,
Se abre o caminho, do ódio ao amor,
E o poeta renasce, em pleno vigor.