há um tremor ruminando nas coisas
como susto, parido do nada pra tudo
são folhas que se agitam sem ventos
formando ondas, num imenso grotão
há um chão que se desfaz sob os pés
uma ponte com riscos de queda e voo
depois do abismo, há risos e sombras
e baús de tropeços de passos seguros
é como se houvesse motivo pra festas
nas certezas mortas no vão das frestas
e fagulhas da dúvida em brasa na pele
acendessem a tocha em alguma furna
há um oceano abaixo do nível do mar
deserto e dunas de grãos de hesitação
labirintos de formigueiro abandonado
onde a gente parece menor que inseto
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 05/11/24 --