victoremmanuel

Monólogo de Lúcio

Aviso: Para aqueles que valorizam o bem-estar e a ética, preparem-se: palavras contundentes à vista.

 

Todas as manhãs, desperto incrédulo de um sono tumultuado e me pergunto: qual o propósito da minha existência? Não cresci cercado por preconceitos, mas meu maior adversário sou eu mesmo. Detesto as pessoas ao meu redor, não porque sejam essencialmente más, mas porque eu sou. E elas sabem disso. Então, não subestime meus pensamentos tão facilmente.

 

Acordo pensando na raiz quadrada, um conceito matemático que, embora não seja literalmente quadrado, é perfeito como um. Sei que a raiz quadrada de 144 é 12, e essa compreensão simples me proporciona uma satisfação peculiar. Acredite, sentir felicidade é tão raro para mim quanto ver um boi latir... e, convenhamos, isso é algo digno de um vídeo viral!

 

Quando vejo um texto no computador, me repugna observar um acento mal colocado em \"coco\", transformando-o em \"cocô\". E o que dizer de \"agente\" escrito junto? Isso me causa um desgosto profundo, como descobrir que a pizza que pedi veio com abacaxi. Odeio a ignorância. Quando me deparo com algo que não sei, uma irritação intensa toma conta de mim. Se não estudar pelo menos quatro horas por dia, a depressão me consome; me sinto o mais inútil dos seres—mais inútil que um \"agente\" na fila do pão.

 

Estudar é a única coisa que vale a pena para mim; todo o resto é sem graça, como um filme sem enredo.

 

A razão principal do meu desprezo pelas pessoas é clara: são ignorantes, chatas e briguentas. Qual o sentido de discutir futebol, política ou assuntos triviais? Por que se acham no direito de opinar sobre o que mal conhecem? Eles leem alguns textos e já se consideram prontos para debater. Se você é assim, cresça! Sério, um pouco de autoanálise nunca fez mal a ninguém.

 

Talvez eu tenha me exaltado um pouco... Mas sou niilista. Não tenho apego emocional à vida. A vida é um instante fugaz, sem importância no vasto universo. E a morte? Apenas o fim. Não adianta me contestar; essa é uma verdade irrefutável. As pessoas buscam dar um sentido à vida, esperando um significado na morte, mas sinceramente, não há um depois. Tudo acaba quando o corpo para de funcionar. Então, por que gastar tempo com relacionamentos, casamentos ou discussões? Faça o que te traz felicidade—mas se isso não envolve estudo, faça longe de mim.

 

Depois de cinco anos de reflexão (sim, tenho 12), cheguei a uma conclusão simples: nada realmente importa. Basta viver de algum modo e pronto. E decidi: vou viver estudando, não vou me apaixonar, nunca vou ajudar ninguém e serei o mais egoísta possível. É, eu sei, isso soa como um plano de supervilão de desenho animado, mas é a vida real, ou algo assim.

 

As pessoas só ajudam umas às outras porque acreditam numa recompensa divina após a morte. Eu acredito em Deus, sim, porque ninguém explica o que havia antes do Big Bang e do espaço-tempo. Mas quem garante que ale planejou um depois? O paraíso? E a Bíblia, quem a escreveu? Um humano! Hahaha! E agora, me diga: você continuaria ajudando as pessoas se soubesse que não há um depois? Se tudo acabasse com a morte... Vamos, estou curioso!

 

A fé é essencial porque, sem ela, os humanos seriam criaturas irracionais. Mas para ser honesto, o conceito de paraíso é apenas uma forma de controlar a sociedade, não uma realidade. Tipo uma versão espiritual de “O Grande Irmão”.

 

Meu nome é Lúcio, tenho 12 anos, sou super inteligente, realista e não tenho papas na língua. Em 2050, serei presidente da república. Nunca vou me apaixonar por mulheres (ou homens) e planejo internar meus pais em um asilo. Ah, e ainda descobrirei uma forma de evitar a morte. Se quiser se beneficiar da minha invenção, terá que ser rico; caso contrário, morrerá e será esquecido pelo tempo. Mas não se preocupe, pelo menos você não será o único a se perder na imensidão do esquecimento!

 

Até mais!