Faz três meses que você partiu
Minha cabeça se confundiu
O passado se extinguiu
Um vazio profundo se expandiu
Faz três meses que te enterrei
Seu nome na lápide cravei
A linha tênue da dor cruzei
Último adeus pra quem mais amei
O Pai aprendeu a cozinhar sem receita
Faz o melhor feijão, acredita?
Eu ainda fico a espreita
Me escondendo na escrita
Essa casa sem você está vazia
Se transformou em uma dicotomia
Ainda que muito barulho façamos
No silêncio mergulhamos
Ainda guardo seu áudio daquele dia
Pediu com dificuldade minha companhia
Mas você sabe que eu não deveria
Era do pai que você se despediria
Foi muito confuso nosso relacionamento
Nunca entendi meu sentimento
Mas agora estou sofrendo
Sua falta é um vale horrendo
Só queria te abraçar pela última vez
Dizer que me arrependo da minha insensatez
De não dizer que te amava todo dia com Lucidez
Por favor me perdoe pela timidez
Sei que não fui a filha que esperava
Mesmo assim me aceitava
Mesmo quando eu surtava
Com carinho me acalmava
Agora não sei quem pode me acalmar
Quem vai fazer essa dor parar
Do seu abraço sempre vou precisar
Da sua voz sempre vou ansiar
Não importa onde você está
Sei que a todos está a impressionar
Com esse coração grande e poderoso
Muito acolhedor e caloroso
Não sei se um dia vou te reencontrar
Mas espero que possa me perdoar
Por na sua partida não estar
E seu último adeus não dar.
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