Paulo de Tarshish

Quem sou eu?

Sou eu que recordo as memórias

Ou elas que me recordam?

Nostalgia maligna!

És os sonhos que de noite me acordam.

 

Serei quem vejo ao espelho

Ou espelho que me vê a mim?

Serei o olho que me olha,

Ou serei na íris o brilho sem fim?

 

Memórias me formam,

Experiências me batizam.

Sem elas sou vazio como o cosmos,

Sou tela branca onde todos pintam.

 

Quando vim ao mundo nada tinha escrito;

Fui página virgem de um livro sem título.

Entreguei-me à ilusão do mundo

E foi a vida que escreveu o meu primeiro capítulo.

 

Quando tudo apagar de mim,

Seja amor, ódio, arrogância e saudade,

Então serei quem realmente sou,

Um ser da Eternidade.