Nelson de Medeiros

CANTO DE SEREIA

 

Mais uma vez te ouço e avidamente

tento interpretar teus cálidos versos!

Soam cheios de amor, incontroversos,

e, neles o bardo pensa somente!

Mas, o hierofante que lhe habita a mente

sussurra-lhe que eles são controversos,

não tem alma, são frios, são perversos...

Cantos de sereia, literalmente!

Ah! Linha fina cinde o céu do inferno!

Será este um canto inocente e terno

ou será engenhosa enganação?

É premente usar o tino, o bom senso!

Mas, como se a paixão é um contrassenso

e, trespassa o entendimento e a razão?