Sezar Kosta

COMO O VENTO QUE FICA

Veio como o vento,

sem anúncio,

sem estardalhaço,

soprando um afago inesperado

que percorreu a pele,

trazendo arrepios leves,

uma dança que nasceu no meu rosto

e desceu até a alma.

 

Silenciosa,

como quem nada quer,

foi tomando os espaços,

um a um,

desenrolando memórias adormecidas,

deixando nos cantos vazios

o eco suave da sua presença.

 

Ali onde o frio antes se aninhava,

agora havia calor,

uma brasa que acendia cores

onde antes só o cinza reinava.

Seu toque tingiu as sombras,

transformou os restos de ontem

em um agora pleno de sentido.

 

Sem pressa,

sem promessas,

foi moldando seu lugar,

apropriando-se do silêncio,

abrindo portas antes trancadas,

como se o meu ser fosse já seu,

mesmo sem saber.

 

E hoje,

com você aqui,

não há vento que leve

o que um dia chegou

e escolheu, sem pedir,

ficar.