Veio como o vento,
sem anúncio,
sem estardalhaço,
soprando um afago inesperado
que percorreu a pele,
trazendo arrepios leves,
uma dança que nasceu no meu rosto
e desceu até a alma.
Silenciosa,
como quem nada quer,
foi tomando os espaços,
um a um,
desenrolando memórias adormecidas,
deixando nos cantos vazios
o eco suave da sua presença.
Ali onde o frio antes se aninhava,
agora havia calor,
uma brasa que acendia cores
onde antes só o cinza reinava.
Seu toque tingiu as sombras,
transformou os restos de ontem
em um agora pleno de sentido.
Sem pressa,
sem promessas,
foi moldando seu lugar,
apropriando-se do silêncio,
abrindo portas antes trancadas,
como se o meu ser fosse já seu,
mesmo sem saber.
E hoje,
com você aqui,
não há vento que leve
o que um dia chegou
e escolheu, sem pedir,
ficar.