Sezar Kosta

DESPERTAR

Durante as noites silenciosas,

Procuro aquela que amo.

Adormecido, mas com o coração desperto,

Ergo-me das sombras do meu ser,

Para abrir meu peito à minha querida.

Minhas lágrimas, como gotas de chuva,

Desaguam na solidão da noite.

 

Onde estive na penumbra?

Contive o medo que me assombrava,

Temendo um vulto que surgia no escuro:

Esse vulto era meu sonho perdido,

Uma imagem de nós, entrelaçados na luz.

 

Agora, minha canção se apagou,

E com ela, eu também me esvaí.

Nada resta de nós, apenas ecos,

Sinto o peso do erro nas minhas costas,

Quando todos me observam,

Rindo de mim, com olhares de pena,

Abrem a boca para sussurrar,

Meneiam a cabeça, repartem a minha dor.

 

Quanto a mim, em meio a essa tempestade,

Reclamo na minha tranquilidade:

“Nunca serei abalado.”

Que o passado se lave de mim,

Que cada erro se dissipe como névoa,

Levem embora a culpa que me aprisiona.

Pois somos filhos de um sonho desperto,

E a esperança, mesmo frágil,

Renova-se a cada amanhecer.