Espero não morrer amanhã,
não por medo do fim,
mas porque ainda há tanto por fazer,
tanto por entender
no que deixei por começar.
A vida não nos espera,
mas eu espero dela um instante a mais,
uma pausa onde possa ver,
sentir a fundo o que o tempo levou
sem que eu notasse.
Se amanhã fosse o fim,
quantas palavras não teriam sido ditas?
Quantos dias ficaram pela metade
por acreditar que havia mais tempo?
Esperamos sempre por um depois.
Mas viver é agora,
é este segundo que passa sem aviso,
e, no entanto, adiamos
como se houvesse garantia
de voltar a ele.
Espero não morrer amanhã,
mas se for, que leve a certeza
de que vivi ao menos o bastante
para saber que a vida
é, por si só, o maior presente.