TALVEZ
Talvez hoje seja o momento de relembrar aquele nosso primeiro dia
E fazer desse nosso talvez a certeza que eu realmente faço falta
E que ficar sem você nada vale a pena
E ficar sem mim é o sofrer da sua mais amarga e triste sina
Talvez tu não mereças nenhuma palavra que aqui pronuncio
Talvez tu não sintas sequer um milímetro do que sinto
Talvez tu te recusas a sentir o mesmo porque estás perdido em teu labirinto
Talvez ah talvez eu esteja sendo um imbecil
A querer transformar teu amargo e melancólico rio
A sentir na tua pele e na tua alma o delirar todo o seu corpo em calafrios
Talvez, não sei, talvez eu tenha me enganado
Não, não me enganei
Meu coração partiu o teu em azaleias
E te fez caminhar quebrado e atormentado
Hoje não carrego comigo mais a dor de um talvez
Talvez o teu sentimento fizestes pensar que amar fosse pecado
Hoje cultuas em teu coração e em teus batimentos
O desejo de libertar a tua chuva grossa e teu rio abortado
Dessa vez, não é mais um talvez
É a hora da vez, da tua folha virgem brotar de tua fuligem
O clarão da tua aurora
O despertar da tua borboleta
O tempo do teu ponteiro quebrado
E entregar a mim todo o suor do teu orvalho em meu corpo suado
Talvez sim nunca mais seria capaz de atingir todos os teus sentidos
Se eu pensasse que fosse realmente um talvez
Desaguar aqui em cada um dos meus versos
Tudo de uma vez!
Talvez eu não conseguiria jamais
Conquistar todo o teu amar de uma só vez
Se eu não fosse capaz de demonstrar a ti todo meu interior
Tudo que já mostrei até aqui, todo o meu avesso de vez!
E finalmente te entregares a mim de uma vez!
Vlad Paganini
Até um dia até talvez até quem sabe?
Não, tu sabes que não
É dado o momento de deixarmos pra traz o talvez
E concretizarmos o nosso desejo de vez
Sem porquês e sem talvez