João Pedro Vilela

Tão próximos, tão loucos, tão errantes

Já reparou como somos estranhos integrantes?
Até certo dia éramos dois errantes,
ambos itinerantes,
e naquele dia, tudo foi muito cativante.

 

Você vem e eu vou, sempre avante.
Você vai e eu venho, sempre hesitante.
Somos um ciclo quase constante,
sempre mudando para um caminho distante.

 

Só existimos um para o outro, o que não é coerente.

Não há nesse mundo um mundo fora do outro, o que é imprudente.
Ninguém nos vê, e muitas vezes também nós somos ausentes,
mas ao mesmo tempo o pular sempre foi eminente.

 

Ao tempo que nos é reservado, só fica o passado como descendente,
que, em seu momento, onde era presente,
Parecia ser incansavelmente permanente,
mas se revelou tão surpreendentemente ausente.

 

As horas passavam e não se notavam. Éramos persistentes.
Os dias eram longos, iguais àquelas madrugadas dormentes,

repletas de diálogos profundos e envolventes,
mesmo quando não trocamos palavras conscientes.

 

Ninguém imaginava o quanto seríamos iniciantes,
mas, tudo que fazíamos era intrigante.
Era livre, sem controle e estonteante,
era apenas o nosso coração seguindo adiante.

 

Hoje vejo que não era marcante,

mas sim muito excitante.

Tudo o que parecia ser digno de um verdadeiro amante,

na verdade, era extremamente flamejante.

 

Agora, ao olhar para o ontem, sinto uma satisfação radiante.

Animo-me com o resultado desta jornada deveras triunfante.

É impossível não notar o quanto você está deslumbrante,

pois enxergo em seus olhos uma felicidade significante.