Meus dedos fingem ser folhas
que adoram dançar ao vento.
Meus olhos, como faróis,
buscam iluminar meu imo.
Seu brilho, sua cor, luzem no céu.
Os braços são os galhos da árvore
que plantei, um dia, em sol ameno,
no meu espaço, meu lar, meu terreno.
Eu a abraço, dou um laço sereno,
que aos poucos, mais tarde, desfaço.
A boca, que implora um beijo,
profundo, louco, apaixonado,
na falta, em vão, fica com o queijo.
Quero tecer as palavras
como se tece um manto, um canto, encanto.
Enquanto vêm as palavras,
vão-se as amarras, velhas sagas.
Ao longe, ouço linda melodia,
composta em zelosa costa
de um mar turbulento ao vento.
E ela se espalha, se alastra,
contamina cada canto da terra.
Essa beleza, esse som,
vão coroar a cabeça
da mais Divina Rainha,
a Vida!