O beijo teu é como o abraço da água branda e quente do mar, que lambe a pele dourada;
como deixar dançar e embaralhar os cabelos na brisa leve que sopra.
Como deitar-me e banhar-me no clarão da lua prateada; perder-me no sol que enlaça o corpo meu em cálido conforto, em um afago abafadiço.
Sentir vibrar a melodia dos trovões que bradam e esbravejam por entre as nuvens escuras, provar da chuva fresca que choram os céus; alucinar-me sobre a névoa pálida de algodão que apressa-se com o frio.
Cravar os olhos famintos que caem no ardor do fogo que crepita no teu corpo; lavar-me na água cristalina jorrando da fonte límpida e aprazível do teu suor.
Espreitar e estirar-me pelos verdes campos, e florir os lírios e margaridas na grama alta do teu jardim; deleitar-me nas lágrimas salgadas que rolam cintilantes pelo rosto moreno.
Enrolar-me bem cedo sob os lençóis aquentados pela manhã serena e calorosa; esgueirar sem perceber, sem planejar, um sorriso puro e tolo.
O beijo teu é como sufocar e afogar-me no açucarado e melódico aroma que evola desta paixão abrasadora, que queima e embebe meu coração pulsante.
E tua boca tem gosto de poesia. Pois, assim dito, quero ser poeta todo santo dia.