Cada dia, uma nova tela,
branca e pronta para ser preenchida.
Ao acordar, somos como artistas,
com pincéis nas mãos,
prontos para dar vida ao inédito.
As transformações, furtivas como a brisa,
são sombras que dançam ao nosso redor;
em um instante, percebemos que os anos,
com suas mãos sutis,
modelaram nossos corpos e almas.
O espelho, testemunha silenciosa,
reflete um eu que já não é o mesmo.
Emagrecemos ou ganhamos peso,
o tempo é um escultor incansável,
e o visual, uma expressão das estações da vida.
Algumas roupas, como antigas promessas,
já não servem mais,
mas talvez seja hora de um novo guarda-roupa,
de novos ares, de novas histórias.
As quedas, outrora dolorosas,
agora são risos entre amigos,
um jeito de lembrar que somos humanos,
que a dor e a alegria caminham lado a lado.
Perdemos contatos, é verdade,
mas a vida nos presenteia com novos laços,
novas almas que cruzam nosso caminho,
trazendo frescor e novidade ao nosso cotidiano.
Os desafios que antes pareciam montanhas,
agora são meras histórias em um livro,
folhas viradas, lições aprendidas.
Novas responsabilidades invadem nossas agendas,
como hóspedes inesperados,
mas talvez sejam oportunidades disfarçadas,
convites para crescer, para nos reinventar.
Hoje, que possamos ser como um rio,
seguros em nosso curso,
navegando pelas incertezas com confiança.
Que sejamos como a chuva,
caindo no momento certo,
aliviando a sede da terra que nos rodeia,
preparando o solo para o florescer.
E como o pôr do sol,
que nos ensina a despedir-se,
sabendo que, após a escuridão,
um novo amanhecer sempre nos espera,
com seu manto de luz e promessas.