Sandro Paschoal Nogueira

MEIA VIDA

Imenso e fundo...
Desta meia vida...
Olhando o mundo...

Não põe fé...
Ao que observa e recolhe...
Em busca do que sonha...
Ou no que pensa que é...

Nu...
Sem cárcere e sem véu...
Em que tudo é força e calma...
Por obra da misericórdia...
Agarra-se a Deus...

Vida...
Em pedaços repartida...
Entre chegadas e partidas...
As saudades abrem as feridas...

Amarras...
Loucuras...
Perto ou distante...
Reconhece e inventa...
Nas palavras que diz...
Sua ventura...

Onde é que dói este  ferimento mortal?
Passa perto...
Passa longe...
Entre o bem e também o mal...

A luta é  apenas uma espécie de regresso...
Um sopro...
Um alento...

A terra que não muda...
Dá a vida e devora...
Apenas segue...
Entre as perdidas horas...

E de súbito...

Na rua que segue, tropeça...
Ri da noite embebecido...
Afinal o ocorrido...
É apenas mais um tropeço...
Dos sonhos e enganos...
Do menino desconhecido...

Vê...
Que aida há pouco...
O vento limpara o céu anoitecido...
E assim no tempo de não sei quando...
Às estrelas confessa o teu tédio...
De ver o longe tão perto...
E não achar-se reconhecido...

É só um vagar...
Entre uma lágrima...
E um sorriso...

Sandro Paschoal Nogueira