Miri

Ataduras

Eu me questiono como as pessoas conseguem se despedir sem se despedir de verdade, sem avisar sobre sua partida.

Como você consegue retornar como se nada tivesse ocorrido?

Você me deixou marcas profundas, daquelas que um simples curativo não consegue cobrir e que nenhum remédio poderia curar.

Tive que me envolver em ataduras pelo corpo e pela mente, para evitar que eu me lamentasse todos os dias, para que os outros não vissem quem realmente sou.

Não sinto sua falta, mas essa sensação sim.

Sinto a dor que você me causou, que ainda perdura em mim.

Ela também sente, achando que não foi o suficiente, que não deveria ter se importado.

Então, você voltou e, mais uma vez, as ataduras começaram a se desprender do meu corpo e da minha alma.

Como posso reenrolá-las em seu lugar, se elas nem deveriam estar ali?

Não consigo dizer adeus, não consigo desaparecer como você fez.

Parece tão fácil, tão simples, mas está completamente fora do meu alcance.

Anseio profundamente por me sentir renovada e libertada.

O que me sobra são minhas escritas, minhas palavras, que nunca serão destinadas exclusivamente a você.

Pois, ainda existe uma parte de mim que não está pronta para se despedir.