Marcos Antônio Lima

A Casa de Teu Pai

 

É penumbra de lua opaca e vazia

Ladrilhada por paredes de desencanto

Onde em cada quarto, e em cada canto

Esconde uma devoção de grades fria.

 

Ela está impregnada em cada gesto teu

Na lágrima de teu sorriso que cai

Na gargalhada de teu olhar que sai

Deixando-me de alma desnuda do apogeu.

 

Ela te furta à herança do tempo

 Os pensamentos e a liberdade

Arrancando-te dos afagos de meus braços

E me atirando nos escombros da infelicidade.

 

Ela extrai de tua silhueta cor de jambo

Toda a euforia de encantamento

Das noites dançantes de mambo

Num plenilúnio de descontentamento.

 

Não fora a casa de teu pai

Que te trouxeste a mim

Até quando a casa de teu pai

Irá roubá-la de mim?...