Vasco Alberto

Ser como peixe

Da mesma forma que um peixe nada,
sem pensar no rio,
eu vivo,
sem pensar no tempo, 
como se o movimento fosse natural,  
como se a vida me levasse  
sem precisar perguntar porquê.

Não escolho o rumo,  
tal como o peixe não escolhe o rio.  
Aceito o que vem,  
as correntes que me levam,  
e deixo-me ser, simplesmente.

Há um certo alívio nisso —  
não ter de controlar tudo,  
não ter de saber o que virá a seguir.  
A vida segue o seu curso,  
e eu sigo com ela, sem pressa.

Talvez o segredo esteja aí:  
viver como se nada fosse mais  
do que este momento agora,  
como o peixe que nada,  
sem saber de onde vem  
ou para onde vai.