adoro te ver calçando os chinelos logo pela manhã
fugindo do assoalho frio que congela os seus pés
adoro te ver abrindo a janela só pra iluminar nosso quarto
você sorri para o branco da grama que a noite fez com as gotas de orvalho
eu te vejo como um retrato na paisagem entre nevoa e garoa
volta e me ama debaixo da coberta solta em nossa cama
se flores testemunham nosso amor abaixo desse telhado
adoro ver a lenha queimando no aquecedor todo sujo de carvão
adoro ver a fumaça dançando em plena luz de um dia de fé
adoro te ver colhendo maças logo depois do nosso café
ascendo um cigarro antes de começar a escrever
antes de ver cada coisa que ainda falta para eu prever
talvez a chuva aumente ou pare
talvez
quem sabe o granizo caia de vez
mais uma vez
mais se eu sou seu guarda chuvas você é as poças pra gente correr
pisando
respingando
chutando o ar e a água
em baldes eu te amo
deixe transbordar
ah ! como eu amo te ver colhendo maças antes de falar
que o mundo é seu espelho e o arco íris seu anel
às vezes sinto ciúmes pois não sorri só pra mim
sorri para o céu
céu ...
(Flávio Eduardo Palhari)