Flavio Eduardo Palhari

Adoro te ver colhendo maças

adoro te ver calçando os chinelos logo pela manhã

 fugindo do assoalho frio que congela os seus pés

adoro te ver abrindo a janela só pra iluminar nosso quarto

você sorri para o branco da grama que a noite fez com as gotas de orvalho

 eu te vejo como um retrato na paisagem entre nevoa e garoa

volta e me ama debaixo da coberta solta em nossa cama

se flores testemunham nosso amor abaixo desse telhado

adoro ver a lenha queimando no aquecedor todo sujo de carvão

adoro ver a fumaça dançando em plena luz de um dia de fé

adoro te ver colhendo maças logo depois do nosso café

ascendo um cigarro antes de começar a escrever

antes de ver cada coisa que ainda falta para eu prever

talvez a chuva aumente ou pare

talvez

quem sabe o granizo caia de vez

mais uma vez

mais se eu sou seu guarda chuvas você é as poças pra gente correr

pisando

respingando

chutando o ar e a água

em baldes eu te amo

deixe transbordar

ah ! como eu amo  te ver colhendo maças antes de falar

que o mundo é seu espelho e o arco íris seu anel

às vezes sinto ciúmes pois não sorri só pra mim

sorri para o céu

céu ...

(Flávio Eduardo Palhari)