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Curva

Ouço a chuva forte, ouço seus medos atingindo o chão.

O “tic tac” do relógio acompanha os batimentos do meu coração.

Jogo pensamentos fora, digo palavras em vão.

 

Tudo ao meu redor parece me pressionar.

O mundo se fecha ao meu redor a me sufocar.

Tento buscar refúgio nas lembranças, estou prestes a fraquejar.

 

Nada justifica o fato de que tudo se fragmenta no acaso.

Nada justifica o fato de que tudo, cada vez mais, dá errado.

Nada justifica o fato de que tudo, no fim, vai virar cacos.

 

Minha mão formiga com a sensação de segurar a dúvida.

A dúvida sobre os caminhos que vem a seguir deixa minha visão turva.

Ela me questiona quem sou, para onde vou, me vejo derrapando na curva.

 

Derrapo na curva da vida.

A dor abre minhas feridas.

Tudo desaba, não há voltas e nem saídas.