Era meia noite
E ela caia como uma penumbra sobre a cidade
Se fazia frio como o mais gélido toque mórbido da noite
Entrei em uma taverna e vi ao meu lado esquerdo Aluízio de Azevedo com sua cartola sentado tomando vinho
Do lado oposto estava Dante Alighieri sentado com Virgílio e Shakespeare
olhei para o lado um pouco mais a frente e me deparei com a face de Almeida Garret que perguntou-me se eu vira Fernando Pessoa
Respondi-lhe que não.
Cheguei ao balcão e pedi uma cerveja
Um homem estranho sentou ao lado com uma capa preta e um olhar particular
Dei-lhe boa noite e ele me disse
Gut Nacht Mein Freund
E depois chegou outro homem que sentou ao seu lado, sua sombra era diferente do corpo e ele puxou um bloco de carta e colocou sobre a mesa.
O Barman retrucou, se vão apostar as almas é melhor fazerem isso em outro lugar pois meu patrão odeia confusão em sua casa
Nosferato levantou-se e protestou.
Eu pago e tenho o direito de ficar e jogar conforme minha vontade!
O Barman o avisou.
Olhe para as mãos de Schiller e veja os Naipes.
Eu olhei e vi que o nobre poeta alemão havia vencido e o homem misterioso de sombra pavorosa sumiu.
O Barman disse: é sempre assim, quando está para perder ele some.
E Aluízio disse que aquilo era coisa do Diabo e Goethe ao seu lado riu e disse
Esse é mais frouxo que meu pai quando vê minha mãe com um rolo de massa na mão
Todos riram e eu não entendi, acho que foi a cerveja.