LEITO SECO
Eu sou como o leito seco de um rio
Das águas que lá correram
Restou a terra
Sedenta e árida
E as ramas que na sua margem
Lá nasceram
Secou a folha
Caiu a flor
Mas no leito seco e firme
A semente lá ficou
Cada grão de areia ao soluçar de dor
Lança-se em desafio
Pó, poeira
Que na corredeira
É só areia
Mas, mesmo assim se compraz no cio
Pois agora em secura o que se semeia
É o sangue que lhe corre a veia.