Tirei o pé do acelerador
E a sensação foi um tanto estranha
A falta de costume de andar devagar
me deixa muito ansioso para chegar
Mas tenho que tentar desacelerar
Como no lento escalar de uma montanha.
Tirei os olhos do horizonte
e foi loucura olhar apenas o que está perto
Os detalhes do mundo por onde passei
e, pela pressa cotidiana, nunca admirei
Mas agora, todo o colorido enxerguei
E o mundo já não me parece um deserto
Tirei os dedos do teclado
e foi esquisito voltar a escrever na mão
Tinta no papel borrando a letra vívida
As frases garranchadas voltando a vida
E num ritmo constante, a poesia é servida
expondo todo o lamento de um coração.