caiolebal

Desparafusar a nuvem

Uma linda tulipa

Prima de margarida

Planta querida

Forma bem vista

Amizade bem quista

Sensação mista

De alegria e calor de estrela

Ametista

 

Ela divide sua atenção

Entre eu e a nuvem

Em céu azulão

Esta que lhe dá

Chuva de montão

Água de coração

Se alimenta de sua vazão

Para abastecer seu viver

E por trás dele, sua razão

 

Houve um momento, frio como espada

Que ela foi contaminada

Por água ácida, amarga e áspera

Dediquei meu cuidado a ela

Porém saiu dela chuva

De amargura, tristeza em pintura

E em seguida, a chuva que saiu

Dos meus olhos fez companhia a ela

Pois sua dor fez visita e moradia

Em minha alma

 

Peguei escada

Subi até sacada

Do céu, esplanada

Cheguei até nuvem estirada

Puxei chave de fenda 

Arma carregada

 

Desparafusei parafusos

Que mantinham a nuvem

Parafusada

Ela suplicou que eu parasse

Pois não entendo a dor carregada

Por ela, expressada em forma de chuva

 

Após tirar o último parafuso

Proferi à nuvem, durante seu cair

Que era ela quem não entendia

A minha dor e a da tulipa

Afogada por ela

Por fim, ela carregou essas palavras

Até o instante no qual ela se quebrou

No chão feito vidro

Ficando encharcada

De morte