Era um dia ensolarado,
o sol me chamou para dançar,
a vassoura numa mão, minha espada de guerreiro,
pronto para enfrentar a batalha contra a sujeira.
Com a coragem de um super-herói,
abracei os panos, os produtos mágicos,
o balde reluzente, como um caldeirão encantado,
cheio de promessas de brilho e frescor.
Comecei pelo chão,
onde a poeira acumulada,
se escondia em risadas,
como crianças travessas por trás de cortinas.
\"Vamos lá!\", pensei,
fiz da música um mantra,
e a vassoura girou, rodopiando,
num espetáculo de alegria.
Os objetos dançavam ao meu redor,
as almofadas, cúmplices,
se escondiam sob os cobertores,
enquanto eu, herói sem capa,
lutava contra o pó e as manchas.
Cada canto, um desafio,
cada item encontrado,
um troféu de uma guerra
que só eu conhecia.
Mas no meio da epopeia, após 5 minutos gloriosos,
encaro o sofá, que me encarou sedutor,
uma preguiça súbita se apoderou de mim,
sussurrando como um vento suave:
“Que tal um descanso, campeão?”
E eu, fraco diante de tanta sedução,
fui sucumbindo,
a almofada me abraçando,
o NETFLIX anunciando uma série maravilhosa
sobre promessas não cumpridas.
E assim, com um último olhar de vergonha,
eu vi a sujeira rindo de mim,
como se dissesse: “Hoje não, amigo,
mas quem sabe na próxima vez?”
E lá fiquei,
navegando entre sonhos e desordem,
mais uma faxina derrotada na lista,
apenas uma vontade,
que nunca foi além do querer.