eu tenho raiva de escrever poemas de amor,
porque ter que olhar para eles,
com aquelas palavras,
com aquele carinho,
para aquelas pessoas,
e saber que no final era uma inverdade
acaba comigo
todo
santo
dia.
eu digo que não tenho maturidade para namoro.
a verdade é que meu sonho é outro
e namorar,
enquanto eu não tiver minha vida resolvida,
está fora de cogitação.
não pela minha suposta “imaturidade”,
mas sim porque eu não aguento mais
tamanho sofrimento.
tenho sonhos,
ambições,
metas
e muito provavelmente não vá conseguir me concentrar tanto quanto eu pensava
tendo um romance ao meu lado.
minha vocação não envolve um relacionamento,
um namoro,
um casamento,
não,
minha vocação envolve exatamente o que estou fazendo agora:
escrevendo.
(esse é meu maior amor se bobear)
vou usar isso para ajudar os outros que lerem meus poemas e prosas,
na esperança de que isso os dê forças que eu não tive durante muito tempo,
que os mostre que não estão sozinhos
e que amores e desamores,
dores e alegrias,
todas irão continuar existindo
não importa o que façamos.
não importa o quanto eu ame alguém,
a escrita sempre consegue fazer mais que a pessoa,
porque mesmo com quem eu amo,
certas coisas ainda devem ser filtradas
e para não deixar de fala-las,
eu as escrevo.
(algum dia as pessoas para quem eu escrevi ficarão sabendo, tenho certeza)
então é,
dói ter que ler sobre sentimentos passados,
sentimentos não concretizados
e até mesmo sentimentos falsos.
mas ler e reler eles me faz ver que tudo passa,
chega uma hora que eles não nos afetam mais.
sinto que vou continuar tendo raiva de escrever poemas de amor,
por não saber se estou escrevendo pra pessoa certa,
ou pelo menos para uma pessoa que os valorize verdadeiramente.
mas cada um dos meus poemas valeram muito a pena,
inclusive daqueles que me lembram de coisas que eu preferiria não lembrar.
tudo faz parte
e tá tudo bem,
todos teremos o mesmo final de qualquer jeito.