Gilvan Oliveira

SOBRE O TEMPO

Naquela infância,
Acreditava-se que tudo é felicidade.
A tristeza se resumia a eventos breves.
Mas nada dura para sempre, nem mesmo a infância.
De forma sorrateira, o que é criança se torna algo que não é adulto.
Se perde no tempo e no espaço.
Buscando de forma fragmentada, uma identidade que se confunde com as transformações físicas e mentais, com a obrigatoriedade da definição de papéis sociais.
O tempo deixou de ser presente, e o que nos resta é futuro.
Tão incerto quanto a travessia do Saara a pé.
Tão provável quanto a escalada do Evereste, usando apenas camiseta e jeans 
Agora, um ser adulto trava uma luta incessante com sede de sobrevivência.
E o tempo deixou de ser passado.
Tornando-se apenas um presente bem  próximo.
Nessa hora, não se sabe onde ficou o passado.
Nada é mais como era hoje.
Só nos restam as expectativas do ontem.
Que se esqueceram nas lembranças do amanhã.
E o tempo já não é mais tempo.
Pois ele se perdeu no meio do caminho.
No horizonte sozinho,
Pensativo,
Contemplativo,
Buscando respostas, 
Seguindo as horas que nunca passam.
E o tempo parou.
Nos dias seguintes,
Com o gostinho de não quero mais.

E já não há mais tempo.

FIM DA ESTRADA!!!

O tempo não determina nada 
É apenas uma pedra no meio da caminhada.
Tudo termina, tudo começa.
Num ciclo vicioso de eterno viver.
É começo,
É fim,
É recomeço,
É o eterno advir.

Já foi-se o tempo em que o hoje se tornou.

Mas ele, o tempo, ele volta.

Há tempo pra nada ou quase nada 

Há tempo pra tudo.

Em todo dia,

A toda hora

Em cada minuto.

Só nos resta dizer que a eternidade é a morada do tempo...