Sandro Paschoal Nogueira

DESLUMBRAMENTO

Entre tantas misérias...
Poucos buscam a Verdade...
A grande maioria apenas ora...
Contentando-se com o sorriso que chora...

Deslumbramento...
De rudes caminhos...
Murmúrios entre as sombras e os ninhos...
Enquanto os anos passam...
E a vida segue em desalinho...

Tudo na vida está em esquecer...
Ou não,  o dia que passa...
Tua vitória está em saber que não é hoje...
Amanhã será?

Nos desafios do tempo...
Esmorece a esperança...
E na violência que chora...
Não te culpas, mas culpas as horas...

Mas se faz no seu cuidado...
O bem que apenas em sua alma retrata...
Sedento de justiça...
Justiça torta...
E malfadada...

E tendo passado a vida...
E tão pouco compreendido...
Onde se oculta o pavor...
De tão pouco ter aprendido...

Eco...
Vai o grito da cegueira...
Perseguindo a funesta sorte...
Fugindo da morte...

O coração já não sente...
As asas da fantasia...
Agora já perdida...
Busca nas esquinas...
Enganando-se todos os dias...

Mas não desisti da estranha jornada...
Imposta pela sua má vontade...
Não lhe depara o gozo...
Só chora saudades...

Alma de vácuo imenso e fundo...
E desta meia morte...
Continuas a olhar o mundo...
Platéia das cousas mortas...
De vento que sopra...

E responde sorrindo à cruel realidade...
Disfarçando a perdida mocidade...

Perdido estás...
Sob estranho véu...
Pedindo aos céus...
Um novo amanhã...

Sandro Paschoal Nogueira