PRESENTE DE GREGO
Logo que anoiteceu,
No mesmo bar,
Na mesma mesa,
Tão cego,
Ébrio e sem razão,
Apenas uma fração
De segundo entre o real
E o que se foi,
Entre doses
E o som de MPB.
Fazia-se notória
A presença daquela ilustre figura,
Coroada por aplausos,
Mas despida de virtude,
Madeira oca
E trancas abertas,
Assim também caem
As grandes fortificações,
Desmoronadas sob o peso
De um sucesso efêmero,
Como um castelo de areias
Tomados pela maré da vaidade
Desfez em ruínas,
Revelando a fragilidade
De um espírito perdido.
Antes imponentes,
Eram muralhas intransponíveis,
Guardando o ego sob o manto
De aplausos e fugazes conquistas.
Mas o sucesso é traiçoeiro,
E aquilo que um dia parecia sólido,
Hoje ruía em silêncio,
Sob o peso da própria vaidade.
Entre risos vazios,
Seus olhos já não viam,
Perdido entre a fantasia de ser imortal
E a amarga realidade que se desenhava
Pacientemente,Na última dose da noite.
C.Araujo