Charles Araújo

PRESENTE DE GREGO 

PRESENTE DE GREGO 

 

Logo que anoiteceu,  

No mesmo bar,  

Na mesma mesa,  

Tão cego,  

Ébrio e sem razão,  

Apenas uma fração  

De segundo entre o real  

E o que se foi,  

Entre doses  

E o som de MPB.  

 

Fazia-se notória  

A presença daquela ilustre figura,  

Coroada por aplausos,  

Mas despida de virtude,  

Madeira oca  

E trancas abertas,  

Assim também caem  

As grandes fortificações,  

Desmoronadas sob o peso  

De um sucesso efêmero,  

Como um castelo de areias 

Tomados pela maré da vaidade  

Desfez em ruínas,  

Revelando a fragilidade  

De um espírito perdido.

 

Antes imponentes,

Eram muralhas intransponíveis,

Guardando o ego sob o manto

De aplausos e fugazes conquistas.

Mas o sucesso é traiçoeiro,

E aquilo que um dia parecia sólido,

Hoje ruía em silêncio,

Sob o peso da própria vaidade.

Entre risos vazios,

Seus olhos já não viam,

Perdido entre a fantasia de ser imortal

E a amarga realidade que se desenhava 

Pacientemente,Na última dose da noite.

 

C.Araujo