Gilvan Oliveira

TRAVESSIA

O veleiro que corta as águas,
Sai para poder pescar,
Levando consigo João Pescador,
Em direção ao alto-mar.

Navega com toda a calma,
Antes da tempestade chegar.
Que quando chega brava e impiedosa,
faz o veleiro balançar.

João lembra-se da família,
Que lhe esperando está.
Para poder comer do peixe,
Que ele haveria de pescar.

João grita por socorro,
Tentando então se salvar.
Lutando com muita bravura,
Contra as forças do mar.

João reza e pede a Deus,
Para a tempestade passar.
Sua prece não é ouvida,
E o veleiro começa a inundar.

João então decidiu o veleiro abandonar,
Lançando seu corpo na água,
E começando a nadar.

Lutou com força e bravura,
Até não aguentar.
Por má sorte do destino,
João se afoga no mar.

Como todo pescador, que conhece bem o mar.
E que tem muita fé em Deus,
Sem se deixar derrotar.

João deita-se na água,
Deixando seu corpo boiar.
Restaurando suas forças para voltar a nadar.

João demonstra cansaço e começa a desmaiar,
E no fechar de seus olhos,
Se encontra com Iemanjá.

Então saúda com humildade,
A bela rainha do mar.
Rogando a ela que o faça,
À sua família retornar,
E poder comer do peixe que ele haveria de pescar.

E no abrir dos seus olhos,
João vê o mar acalmar.
Então atribui o milagre à doce Yabá.

Quando olha para o lado,
O veleiro estava lá,
Aguardando o pescador para casa retornar.

Quando entra no veleiro,
A grande surpresa está,
Dez cestos cheios de peixes,
Que chegaram a transbordar.

João volta para casa,
Com uma história pra contar.
Dizendo ter encontrado com Deus e Iemanjá.

Os peixes foram a prova,
Que um milagre surgiu no mar,
Pois toda a comunidade,
Conseguiu se alimentar.

Esta é a história do pescador e o mar,
Onde a liberdade existe sem nossa fé abalar,
Onde a natureza é bela,
Mas não é de se brincar.

Onde o homem deve sempre essa força respeitar,
Cuidando do meio ambiente e a vida preservar.
Só assim há harmonia entre Deus, homem e Orixá.