Flavio Eduardo Palhari

Morno

pegadas  sobre a terra morna

mornas são as horas desses dias

tão morno é o dia que não passa

o tempo  faz  chacota de poesia

rindo do passar dessas horas

mornas sobrancelhas molhadas

pelo  suor dessas  testas no sol

dessas cabeças quentes e assadas

quem joga a toalha ?

quem beija a lona ?

quem vive essa vida

mergulhando em xicaras conversas mornas

no fritar desses ovos

no balançar dessas joias

quem não vive mesmo tendo tudo ?

quem vive assim no meio de quase nada ?

morno são todos os sentidos de toda essa inteligência

criamos nossas próprias nuvens sobre nossas cabeças

chuva morna

um mormaço de tantas lembranças

aprisionamos o tempo dentro de um copo de esperança

aprisionamos nós mesmos  em uma cela de tela plana ...

 

Flávio Eduardo Palhari