pegadas sobre a terra morna
mornas são as horas desses dias
tão morno é o dia que não passa
o tempo faz chacota de poesia
rindo do passar dessas horas
mornas sobrancelhas molhadas
pelo suor dessas testas no sol
dessas cabeças quentes e assadas
quem joga a toalha ?
quem beija a lona ?
quem vive essa vida
mergulhando em xicaras conversas mornas
no fritar desses ovos
no balançar dessas joias
quem não vive mesmo tendo tudo ?
quem vive assim no meio de quase nada ?
morno são todos os sentidos de toda essa inteligência
criamos nossas próprias nuvens sobre nossas cabeças
chuva morna
um mormaço de tantas lembranças
aprisionamos o tempo dentro de um copo de esperança
aprisionamos nós mesmos em uma cela de tela plana ...
Flávio Eduardo Palhari