PALAVRAS, VERSOS E LOUCURAS
As minhas palavras não são minhas
Eu vou pegando -as
no meio do caminho.
E vou entrelaçando- as
e tecendo - as como se fossem linhos
As minhas palavras não são ditas
Nem escolhidas
São colhidas
Por vezes são tiradas dos mistérios
Ou de gavetas esquecidas.
As minhas palavras não são artes
Mas é como se fosse
Um objeto ,um artificio
Que de um pedaço
se projeta em muitas partes
E aí tecê - las seria um oficio.
Mas se não é arte nem ofício
O que seria mesmo essa tessitura?
Se a palavra que é cantada em sacrificio
Ao poema lhe deu outra textura?
Ao artífice deu a a criação
Ao artista, um poema
transformado em canção
E ao poeta, a insanidade da loucura!