Ana

Sem estrelas

Sinto-me como uma noite sem lua,
Onde as estrelas se escondem do céu,
Nuvens pesadas em mim flutuam,
E os pensamentos se tornam um véu.

 

Chove dentro de mim, sem cessar,
Gotas que escorrem, sem direção,
Um frio sutil que vem me tomar,
No meio da minha confusão.

 

Os sentimentos turvos, como o vento,
Rodopiam sem rumo, sem fim,
Um turbilhão de dor e lamento,
Que me arrasta para dentro de mim.

 

O trovão ecoa, profundo e lento,
Rompendo o silêncio do meu ser,
E a chuva, com seu doce tormento,
Lava o que eu não consigo entender.

 

A noite nublada me cobre de medo,
Sufoca-me o peito, me faz transbordar,
Mas ao mesmo tempo, em seu segredo,
Há um alívio ao me deixar chorar.

 

Pois na escuridão, entre raios e pranto,
Eu sinto que algo há de mudar,
Mesmo que em mim seja só um encanto,
De que a tempestade, um dia, vai passar.