Existia um gato preto, esse gato preto, desde o nascimento, sempre sofreu e teve dores intensas por diversas vezes. Muitas vezes, ele morreu, mas sempre renascia. O gato preto se achava muito forte, pois sempre tinha conseguido suportar todo tipo de dor e seguir em frente. O gato preto estava acostumado com a solidão desde sempre. O único elogio que ele recebia era que ele era muito astuto. Também pudera, só alguém muito astuto para enganar a morte centenas de vezes. Mas isso o incomodava, ninguém nunca elogiou o gato preto por ser bonito, por ser nada além de muito esperto. Até que um dia, ele encontrou uma gata branca e viveu dias muito felizes ao seu lado. O gato preto finalmente se sentiu vivo como nunca antes havia se sentido, mas, de repente, mais rápido do que pudera perceber, a gata branca começou a se afastar. De certa forma, o gato preto sabia que isso iria acontecer, ele sempre teve medo de ser trocado. No entanto, ele tentou alertá-la sobre o outro gato por quem ela estava o trocando, dizendo que ele não estava disposto a protegê-la, muito menos fazê-la feliz. Mas a gata branca, por sua vez, não lhe deu ouvidos e, mais rápido do que chegou, partiu. O gato preto então sentiu algo diferente, uma dor que ele nunca havia sentido antes, uma dor insuportável. Logo ele, que se achava tão forte por sempre suportar todas as dores, morreu, mas dessa vez ele não ressuscitou. Continuou a vagar por aí, sem rumo ou objetivo, e já sem vida, somente um corpo vazio. E a gata branca se machucou, como avisado que aconteceria, mas somente o gato preto morreu de uma vez por todas.