ENTRE SOMBRAS E MELODIAS
Canto a canção que me leva às sombras noturnas
E à melodia plangente da lua
Sem abrigo nas imensas paisagens diurnas
Recolho-me nas pedras frias da rua.
Aí volto a cantar a canção
Dos silêncios que tangem
As estrelas com sua tez toda nua
Elas parecem astros que plangem
Sob o véu onde a melodia flutua.
De no novo no sol a dureza
Sem teto, sem rastro, sem cama
Mas ante a dúvida vem toda certeza
Que nas alvas plagas noturnas
Destinadas a quem a noite reclama
Deitar-me-ei no colo desta dama
Para em suas sombras debelar a chama
Que na taça da penumbra se derrama.