Melancolia...

O Som dos Meus Últimos Passos.

E se eu morresse agora, 

no meio do café da manhã, 

com o som do trânsito lá fora, 

e o sol iluminando o dia vã.

 

Os filhos estariam rindo, 

correndo pela sala, distraídos, 

e o telefone vibrando ao lado, 

mensagens que eu não leria mais.

 

A lista do mercado esquecida, 

as contas empilhadas na mesa, 

o e-mail sem resposta urgente, 

e o relógio ditando a pressa.

 

O amor? Estaria ali, talvez, 

num beijo apressado na porta, 

ou no olhar que não reparei, 

enquanto o dia corria sem volta.

 

E se eu morresse agora, 

no meio de uma frase qualquer, 

as pequenas coisas parariam, 

mas a vida seguiria, como é.

 

O almoço não seria feito, 

a roupa não seria dobrada, 

mas as memórias, essas sim, 

ficariam presas na casa.

 

E o trabalho, que tanto exigi, 

ficaria ali, nas gavetas, 

esquecido entre papéis e sonhos 

que nunca toquei com destreza.

 

E se eu morresse agora, 

será que o meu amor saberia? 

Que no caos da rotina diária, 

você sempre foi minha poesia?

19 set 2024 (18:07)