Você já notou que cada palavra é um gole,
Um brinde que oferecemos ao mundo?
Somos todos, de certa forma,
Vendedores ambulantes de palavras engarrafadas,
Com nossos recipientes invisíveis,
Cheios de emoções,
De sabores escondidos
Que revelam o que trazemos por dentro.
Alguns de nós carregam garrafas de bondade,
Um néctar doce,
Que refresca quem atravessa o deserto
Das próprias incertezas.
Outros, no entanto,
Oferecem líquidos amargos,
Destilados de críticas e julgamentos,
Que ardem na garganta
Como um gole de vinagre inesperado.
Há quem sirva a pureza da água cristalina do amor,
Transparente e necessária,
Que nutre sem nada pedir.
Mas também existem aqueles
Que se escondem atrás de garrafas de indiferença,
Ralas e insípidas,
Incapazes de transformar
Ou de deixar qualquer marca.
A beleza está na escolha,
No que decidimos carregar e oferecer.
Cada garrafa estendida é uma chance,
De construir ou desconstruir,
De aproximar ou afastar.
Porque, às vezes,
Não é sobre o líquido em si,
Mas sobre o cuidado ao servir.
Mesmo o melhor dos vinhos
Perde o encanto se derramado
Com descuido e pressa.
Então, me diz,
O que você tem na sua garrafa hoje?
E, mais ainda,
Como você vai servir isso
A quem cruzar o seu caminho?
Seja um gole de doçura,
Uma palavra que acalme,
Um gesto que aqueça.
Porque, no fim,
O que oferecemos ao mundo
Reflete o que escolhemos carregar.