Que a água que uma vez lavou o mundo
Lave o fogo que tanto me assombra
Que a pomba que avisa da terra firme
Me informe o fim dos maus presságios
A fumaça me sufoca como larvas que são tossidas e engolidas
Reiniciando seu ciclo de vida
Nadando em meu sangue
Formando caminhos por debaixo da minha pele
Como uma explosão, sem nenhum sobrevivente,
O fim do mundo sempre foi dito como algo repentino
Na verdade, já vem acontecendo lentamente
Vivemos o apocalipse e o arrebatamento ainda não deu sinais
A natureza, os homens, a vida, é como um empalamento
Lentamente subindo pelos nossos órgãos
Rasgando tudo com farpas
Até a ponta da estaca sair pela boca
Um verme se rasteja entre os sulcos de meu cérebro
Ele dança com a arritmia cardíaca
Sussurrando juras fúnebres
Sendo quase certeiro demais em suas promessas
O fim é certo
Nascemos com esse fato
Mas se o fim é certo
Por que me parece tão errado?