Charlie

Vagaroso Fim do Mundo

Que a água que uma vez lavou o mundo

Lave o fogo que tanto me assombra

Que a pomba que avisa da terra firme

Me informe o fim dos maus presságios

 

A fumaça me sufoca como larvas que são tossidas e engolidas

Reiniciando seu ciclo de vida 

Nadando em meu sangue

Formando caminhos por debaixo da minha pele

 

Como uma explosão, sem nenhum sobrevivente, 

O fim do mundo sempre foi dito como algo repentino

Na verdade, já vem acontecendo lentamente

Vivemos o apocalipse e o arrebatamento ainda não deu sinais

 

A natureza, os homens, a vida, é como um empalamento

Lentamente subindo pelos nossos órgãos

Rasgando tudo com farpas

Até a ponta da estaca sair pela boca

 

Um verme se rasteja entre os sulcos de meu cérebro

Ele dança com a arritmia cardíaca 

Sussurrando juras fúnebres

Sendo quase certeiro demais em suas promessas

 

O fim é certo

Nascemos com esse fato

Mas se o fim é certo

Por que me parece tão errado?