Quanto mais tento subir e crescer, mais distante e pequeno você fica.
Eu juro que, por mim, permaneceria no chão, sem te machucar.
Mas meu coração precisa de vida para bater, e eu não quero morrer.
Não se sinta culpado, mas
às vezes lamento esse ciclo injusto, de para eu viver, você ter que sofrer.
E me perdoe pela ousadia, mas
de vez em quando me pergunto se não existe alternativa a essa dinâmica cruel.
Você diz que não, eu entendo.
Mas é egoísmo da minha parte ter esperança de que cresçamos juntos um dia?
Saiba que não quero te magoar quando alguma cor em mim floresce.
Sei o quão difícil é para você ter crescido em tons pálidos.
É só que, durante todo esse tempo, tentei viver sem respirar, apenas para não te deixar sem ar.
Eu sei que te magoo quando bebo um pouco de água. Pode me reprimir, eu sei que também sente sede.
Mas não posso evitar, estou morrendo,
e meus escapes são retalhos de vida que ainda consigo agarrar.
Estou sufocando com o vazio espesso que agarra meu corpo.
A violência do nada, que me acostumei a viver, não é mais tolerável.
E, enquanto isso, tento não me afogar em suas lágrimas.
Eu parei de te ferir, mas você continua chorando.
Enquanto agonizo em silêncio, você insiste em gritar de dor.
E confesso que não sei quantas outras partes de mim ainda preciso te dar.
Mas é minha missão em espírito.
Minha sentença é deixar meus galhos quebrarem com o peso das tuas angústias
e ver murchar minhas flores com o veneno das tuas feridas.
No entanto, você diz que me ama.
Fico feliz, eu te amo mais que tudo.
E, apesar de te amar em tudo, queria mudar a maneira como você me ama.
Pois me entristece o amor não te fazer capaz de lutar por mim,
enquanto, em mim, amortece até a dor causada pelos espinhos que você não consegue conter.
Vagamente, nas brechas desse breu, espio a beleza se expandindo em volta e a vida assoviando uma doce canção.
Seria mentira dizer que não invejo tamanha liberdade.
Mas isso pouco importa.
E, de fato, não importa mesmo quanto mais de mim você precise.
Estamos presos na secura, mas não se preocupe, ficarei por aqui.
Enquanto meu corpo sentir, seguirei aguentando o ardor visceral do seu abraço.
Alegre em cinza, sempre sorrindo, continuarei por perto, meu cipó-chumbo.