Thays Belarmino

O prazer de não saber “ter”

A hora mais esperada do dia sempre chega, nem sempre com ela a delicadeza e presteza imaginadas.

É narrada pelo invisível sentimento de ter, de antemão sabendo que não há reciprocidade quando tanto só se pensa, mas se deixa de fazer.

O púlpito mais elevado não é capaz de afastar o olhar, faz com que se queira tentar junto; a tentativa de escalar.

Saltar parece mais aprazível, longínquo, perene.

Que mão haveria de me estender, a mesma que te ajuda a escalar ou a que apoia na mesa para ler?

Tenho duas, que escrevem sobre o prazer inócuo de não saber ter.

É mais crível a eterna imaginação de que naquela exata hora, a mais esperada, voltarei a dizer: A hora mais esperada do dia sempre chega.

Sei que não há de durar para sempre, desde que eu me atreva a me deixar ver; viver.