Eu confiava demais nas pessoas,
Principalmente nos garotos da minha antiga escola.
Eles me tratavam como uma deles,
Na realidade, todo mundo se tratava extremamente bem,
Sem nenhum tipo de preconceito uns com os outros,
Muito menos nos dividimos entre “brincadeira de menino” e “brincadeira de menina”
Todos eram muito bons.
Aí chegamos na tal da pré-adolescência,
Onde você é criança demais para ser “adulto”
E “adulto” demais para ser criança.
Ou seja, não éramos nada.
Junto com essa fase da vida,
Certos traços desagradáveis começam a surgir,
Principalmente nos meninos.
Eu me lembro muito bem daquele dia,
Já que sete dias depois nos disseram que teria um lockdown.
Mas não lembro daquele dia só por conta disso.
Aquela foi minha primeira experiência com o assédio.
Eu me culpei pelo o que aconteceu naquele dia por 4 anos,
Sendo que a culpa nunca havia sido minha.
Aquele que chamava de “melhor amigo”,
Chegou até mim para me “abraçar”.
Fui apalpada,
Entrei em estado de choque,
Não me mexia
E ele me soltou.
Se você acha que isso foi ruim,
O que ele disse em seguida para os amigos dele,
Foi ainda pior.
“Não tem problema gente, ela deixa”
Eu nunca havia deixado ele me tocar daquela forma.
Muitas pessoas viram,
Ninguém foi me ajudar
E no final ficaram do lado dele.
Só foram se tocar que ele realmente havia me assediado,
Quando, em uma ligação,
Ele assumiu que havia me apalpado.
Mesmo assim permaneceram botando a culpa em mim.
“É no que dá querer andar com meninos”
“Se você não tivesse gostado, teria empurrado ele”
“A culpa foi sua, é no que dá usar calças agarradas”
Ele nunca foi punido.
Mas eu fui.
“Ela não passa de uma vadia”
Eu tinha 11 anos. (percebem como isso não faz o menor sentido)
Meus parentes só foram saber dessa informação quando eu tinha 14,
Mas já não tinha muito o que fazer.
E no final do dia,
A culpa permaneceu caída
Em mim.
“Isso é ser mulher”
Essa foi a lição que me deram.